29 de set. de 2013

A memória se esvaindo.

Ações como esta da Construtora Rio Ave é que reforça a imagem, perante a população, do empresário feroz, que visa o lucro acima de qualquer custo. Achar que demolir o Ed. Caiçara na Av. Boa Viagem em Recife, não iria causar qualquer protesto, é de uma infantilidade extrema.


Essa discussão entre a preservação de prédios históricos e progresso, seja lá o que isso signifique, vem de longa data. Aqui em Recife tem o famoso caso da Igreja de Bom Jesus dos Martírios demolida pelo então Prefeito Augusto Lucena, para abri a Av. Dantas Barreto, no dizer do arquiteto e paisagista José Luiz Mota Menezes, "uma avenida do nada para o nada". A Igreja de Bom Jesus dos Martírios era uma igreja importante, porque era uma igreja de pardos e pretos do final do século XVIII. O mesmo caso da Igreja do Bonfim em Salvador.

(foto de Alcir Lacerda)

Os anos demonstraram que demolir a Igreja foi um tremendo erro. E não são poucos os casos. Tem o do Palacete no final da Av. Caxangá, o da casa em estilo Mourisco na rua Bruno Maia, demolida à noite, etc. 

De um lado esta o valor comercial do imóvel. Do outro a preservação. Se preservarmos o interesse do dono do imóvel, perde-se a história. Exemplo da Casa Navio. Se preservarmos o imóvel, os donos têm sérios prejuízos financeiros. É preciso encontrar um meio termo nessa historia. 

Alguns exemplos dessa possibilidade existem. Vejam a casa do Tenente da Catende, na Av. Rosa e Silva. Com aquele arranjo, os dois lados foram completados.


No caso do Ed. Caiçara o mesmo conceito deveria ter sido adotado. Prefeitura, Fundarpe e Construtora deveriam ter se sentado para equalizar um projeto, onde um prédio fosse erguido se preservando no mínimo a fachada do Caiçara. 

Em Salvador, quando se reformou a mansão Martins Catarino visando transformá-la em museu, tinha que se colocar um elevador moderno, para atender as questões de mobilidade. A solução negociada com o IPHAN foi o encaixe de uma caixa em concreto, ao prédio original, como pode ser vista na foto.


Pronto, os dois lados foram atendidos. O IPHAN que queria preservar o prédio da forma mais original possível, com as atuais normas de acessibilidade e mobilidade. A área onde foi encaixado o elevador era originalmente a cozinha.

Para o Caiçara a mesma solução poderia ter sido adotada. Se encaixava no prédio original, a torre do prédio, se colocando todas as garagens no subsolo. O prédio original seria a entrada do novo prédio.


Pronto, em uma solução negociada, todas as partes estariam atendidas e não teríamos o prédio parcialmente demolido, a imagem da construtora arranhada e esse festival de explicações por parte dos órgãos públicos.

Agora pensem na casa de Jorge Batista da Silva na Av. Rui Barbosa. Como será?

É lamentável a nossa falta de pragmatismo!!!

Luiz Augusto Moraes

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