Esquinas de Paris


Paris.

A cidade Luz na ótica de André Bruère.

Engenheiro e Avô.

Esta página revela a Paris do residente indo além dos esteriótipos e ícones turísticos, através de dicas, cronicas e fotos autorais.

MOBILIDADE URBANA.

Deslocar-se nas grandes cidades é sempre um desafio e em Paris não é diferente. Geralmente você tem varias opções para ir de um ponto a outro da cidade, porem cada opção tem seus prós e contras. Minha experiência em Paris tem me ensinado a sempre avaliar qual é a opção "menos ruim" quando eu necessito, por exemplo, ir a uma reunião de trabalho ou a um restaurante a noite.

Felizmente existem varias opções que competem neste processo de tomada de decisão, as principais são:

Carro - seja o seu próprio ou o autolib (um carro elétrico que você pode alugar em um ponto e deixá-lo em outro), Taxi, Ônibus, Metro e Bicicleta - seja a sua própria ou uma alugada no velib (mesmo conceito do carro acima, fornecido pela mesma empresa).

No processo de escolha eu inicialmente tinha uma tendência de pegar meu carro para ir a qualquer lugar. Com o tempo eu aprendi que, na maioria dos casos, esta é uma das piores opções.


(Foto: Google Imagens)

Paris é uma cidade pequena, o município tem apenas 105 km². Só para dar uma ideia, Recife tem 218 km² e o Butantã, uma subprefeitura de São Paulo, tem 56 km².

Como tudo é planejado, não existe um só lugar para estacionar em Paris que não seja pago, estamos falando de 149.700 vagas demarcadas, seja nas ruas ou nos subsolos. Além disso, tem um sistema que arrecada mais de 3 milhões de euros por ano, multando praticamente todos os carros que estacionam sem pagar. Estacione em local reservado ao portador de deficiência ou na faixa do pedestre e, com certeza, você não encontrará seu carro quando voltar. Foi rebocado por um dos serviços de reboque mais eficientes do mundo!

Agora coloquem neste espaço 2.268.313 habitantes (2012) com uma media de 31 carros por cada cem habitantes. A conta é simples: 475.000 garagens privadas mais 149.700 públicas, igual a 624.700 vagas para 703.000 mil carros, resultado: você nunca encontra um espaço, mesmo pagando um valor alto para estacionar. Se você não tiver um chofer, planeje bem antes de usar seu carro.

Três ou quatro anos atrás parar um Taxi nas ruas de Paris era quase impossível. Eu morria de rir vendo os americanos (acho que de NY) tentando parar um Taxi na rua, nenhum turista tinha a menor ideia que era preciso ligar antes e que eles cobravam a partir do momento que recebiam a chamada. O Taxi já chegava com um valor alto no taxímetro.

Em 1956 existiam 12.500 Taxis licenciados em Paris, Hoje (2013) existem 17.137. O governo e o lobby dos taxistas criaram um dos mercados mais protegidos, consequentemente menos eficientes, do mundo fazendo que uma licença possa chegar a custar 250 mil euros.

(Foto: Google Imagens)

Felizmente tudo começou a melhorar a partir de 2010 quando Hervé Novelli, secretário de estado, sancionou um decreto que permite a expansão das "voitures de tourisme avec chauffeur" (VTC). Um nome bonito para um carro com um motorista disposto a trabalhar. Junte isso ao smartfone e você cria um negocio eficiente onde o cliente pode através do seu smartfone chamar um VTC pagando um preço fixo por uma corrida sem surpresas. Uma revolução!

Quando cheguei, prometi a mim mesmo, nunca mais usar um Taxi em Paris. Hoje, só uso VTC. O meu favorito é LeCab (www.lecab.fr) porem existem vários outros concorrentes como Uber, SnapCab, AlloCab etc...

Taxi é hoje uma solução aceitável para algumas ocasiões, porem cara como em qualquer lugar do mundo.

O sistema Metro, Ônibus e o RER são as grandes vedetes do transporte de massa em Paris. Em praticamente cada esquina tem uma estação do Metro, no total são 303 estações. Não existe nada mais fácil do que combinar metro e ônibus, sempre com o mesmo ticket e pagando um preço único. O RER (Réseau Express Régional) são 5 linhas que conectam as cidades vizinhas (banlieue) a Paris.

Claro que o Metro/Ônibus/RER é a solução preferida pela maioria dos Parisienses, embora eu ache que o turista deveria optar mais pelos ônibus. Eles são mais vazios e você não perde a vista durante o percurso.

O Metro tem vários inconvenientes, o principal é a lotação nos horários de pico, o que torna a viagem bastante complicada, principalmente em um dia quente de verão.

Compre um bilhete sem limites, valido para um dia, ou um carnê com 10 bilhetes. Estas são as duas opções mais baratas.

Na minha opinião o melhor meio de transporte de Paris é a bicicleta. Demorou um tempo para eu perder o preconceito. Imagina chegar em uma reunião importante de bicicleta. Quando eu descobri que era mais chic chegar de bicicleta do que de carro (uma das razoes é que isto significa que você vive nas proximidades) eu, sempre que o tempo ajuda vou de bicicleta. O tempo em Paris geralmente não é bom, mas é bastante previsível, o que facilita.

Alugue uma bicicleta e pedale por Paris. Não é perigoso e você vai descobrir lugares fantásticos.

(Foto: Google Imagens)


Claro que para turistas existem sempre os Les Cars Rouges e os Velo Taxis, que funcionam mais como curtição do que como solução.



(Foto: Google Imagens)

Publicada em 20-01-2014.

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O QUE SIGNIFICA “IDENTITÉ NATIONALE”?


Ha alguns anos atrás o governo Frances lançou um grande debate sobre a “Identité Nationale”.

Quando comecei a ler os vários artigos nos jornais, por mais que eu me esforçasse, me parecia um debate um pouco sem logica. Claro, eu nunca tive este tipo de preocupação.

No Brasil, nós somos todos brasileiros e basta. Muitos imigrantes, que até hoje não falam português fluente, se naturalizaram e assumem que são brasileiros. Ninguém contesta, ninguém liga, todos aceitam. No máximo, temos algumas discussões sobre as diferenças regionais.

Os gaúchos, nordestinos, cariocas... Cada um com os seus costumes, suas musicas e comidas tipicas, porem, inquestionavelmente, todos brasileiros.

Na França o processo é um pouco mais denso. Começando pelo termo “Identite Nationale” que espressa um sentimento. Isto implica que você pode ser um cidadão Frances, isto é, ter a Nacionalidade Francesa, e não “ser” Frances.


(Foto: Google Imagens)

O povo se une através de um Sentimento Nacional formando uma Nação. Normalmente as ameaças de guerra e crises aumentam este sentimento. Uma forma de defesa.

Uma das questões da oposição era, “o que ameaça a Franca para que o governo lance oficialmente este debate?” Aparentemente nada ameaçava a Franca. Duas razoes de base foram bastante discutidas: O fato de que muitos cidadãos franceses não se sentiam franceses e a necessidade, principalmente do jovem Frances, de se orgulhar da França.


Como era esperado a discussão se politizou. Foram quase dois anos de trabalho para não se chegar a uma conclusão. Parte da oposição criticava o governo, dizendo que era uma manobra eleitoral para agradas as regiões. Alguns sociólogos diziam que era uma desculpa para não se integrar os imigrantes.


Lembro de uma discussão sobre tirar o “presunto” do tipico sanduiche de queijo e presunto, da merenda escolar. Uma vez que, mais ou menos 8% dos Francese, por razões religiosas, não comem presunto. E por aí vai.


(Foto: Google Imagens)


De qualquer maneira ficou claro que os elementos mais importantes que constituem a Identidade da França foram, nesta ordem :

A língua Francesa, a Republica, a bandeira tricolor, o estado laico, os serviços públicos e o Hino Nacional (La Marseillaise).


Uma serie de outros elementos foram listados mas longe de obterem a unanimidade dos acima.


Sem querer misturar os assuntos, e apenas lendo as noticias de longe, me deu a impressão que a morte de Reginaldo Rossi, fez aflorar uma certa “Identité Pernambucana”.


Aproveito para desejar boas festas a todos e um Ano Novo cheio de realizações.


Obs. Como estarei em viagem neste fim de ano, até janeiro !!

Publicada em 22-12-2013.

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HOLLANDE, O PRESIDENTE “NORMAL”.

Era Janeiro de 2007, eu estava chegando em Paris, bem no meio da campanha eleitoral de Nicolas Sarkozy.

Lembro ainda que, em uma viagem à Recife neste época, discutíamos sobre quem ganharia a eleição na França. Um dos amigos levanta a voz e diz: “no nordeste, corno assumido não ganha eleição”, numa referencia ao conturbado relacionamento com Cecilia Sarkozy, na época sua mulher.

(Foto: Google Imagens)

O resultado todo mundo sabe, ganhou a eleição, se separou de Cecilia, casou-se com Carla Bruni e começou um governo que prometia “bouger la France”.


(Foto: Google Imagens)


Sarkozy era um candidato com um discurso de direita (a direita na França é mais socialista que a esquerda brasileira) que não conseguiu impressionar o eleitor com a sua gestão. 

Brigou com a imprensa, na sua maioria de esquerda, que o pintaram como um “Presidente Bling-Bling” ligado aos ricos e que gostava do luxo. 

Embora a primeira dama Carla Bruni-Sarkozy se comportasse de maneira irrepreensível, seu charme sua beleza e sua capacidade de se expressar perfeitamente em varias línguas não ajudou o suficiente. 

Os 5 anos de Sarkozy foram marcados por sua hiperatividade, que acabou gerando uma certa frustração entre os Franceses.

Os Franceses estavam cansados!


Elegeram o Francois Hollande, o “Presidente normal”.

(Foto: Google Imagens)

Ele pegou um trem para ir a sua cidade natal celebrar a vitoria. Era o oposto do Sarkozy. Um socialista normal. Um homem como qualquer outro. Um trabalhador.

O povo no poder.


(Foto: Google Imagens)

Um ano e meio depois... nunca na historia recente da França um presidente teve uma avaliação tão ruim.

O presidente normal não decolou. Não está funcionando. Ser presidente não é um trabalho normal. Ponto.


Na semana passada Nicolas Sarkozy deixa escapar para os jornais:“Nunca pensei em voltar, mas a situação é tão caótica que talvez eu seja forçado a voltar”. 


Acredito que em mais ou menos um ano vamos começar a ver uma grande campanha tipo: Volta Sarkozy, Volta!

Enquanto isso sua mulher, já com Giulia, a filha do casal, continua faturando.


(Foto: Google Imagens)

Aqui como modelo em uma campanha para a Bulgari, uma joalharia do grupo LVMH, cujo principal acionista e homem mais rico da França, Bernard Arnault, é amigo da família.

Publicada em 16-12-2013.

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