24 de jun. de 2013

Facebook x Facebook

Professora de português há mais de 23 anos, lecionando em escola estadual na maior parte do tempo, eu e meus companheiros de profissão sempre lutamos contra um grande inimigo: o imediatismo dos adolescentes.

Para que ler se a mesma história pode ser vista em filmes? Este é o grande argumento usado pelos jovens.

Nada contra os filmes. Muito pelo contrário, eles são nossos aliados em muitos momentos. Para trabalhar o declínio do Trovadorismo, por exemplo, nada melhor que o filme “O Incrível Exército de Brancaleone”, sátira às novelas cavaleirescas.

Atualmente, além desse imediatismo, lutamos contra a tecnologia. Quase que diariamente, os alunos perguntam quando vão chegar os famigerados “tablets”! Famigerados, sim. Lógico que não sou contra o avanço da tecnologia, até porque é impossível hoje em dia viver sem ela! Mas, infelizmente, a maioria dos estudantes não a usa para ampliar seus horizontes. Limitam-se ao facebook.

Porém, se lessem com atenção, perceberiam o quão rico é esse instrumento! O quanto de informações interessantes há nas redes sociais! Nesta, última semana, por exemplo, houve postagem sobre o Dia do Autismo, foto do ex-presidente Juscelino Kubitschek, questionamentos políticos, crítica a um hospital particular do Recife e à qualidade do serviço na área de saúde pública do Brasil...

Fico a me perguntar o porquê dessa superficialidade, dessa alienação. Seria intrínseco à contemporaneidade? Acho que não. Me tacham de radical, mas na minha opinião isso é consequência da soma de uma educação pachorrenta! Pais que não impõe regras nem limites, que é para não “traumatizar” os filhos, e orientações pedagógicas que apenas maquia o aprendizado. Além disso, há o descompromisso secular do governo com a cultura e a história do Brasil.

Apesar disso, estou começando a simpatizar com o facebook, pois coisas interessantes estão sendo postadas, denunciando absurdos como os milhões investidos na Copa, enquanto as escolas brasileiras – em sua grande maioria – estão sucateadas; ou chamando atenção para o estado de abandono em que se encontra a casa de Alvarenga Peixoto, incofidente e poeta mineiro.

Pena que esses jovens não tenham ideia do poder da arma que têm em mãos!

22 de jun. de 2013

Belindia

Legal a juventude externar indignação contra os fatos que atormentam o nosso cotidiano, já é um grande passo, certamente um efeito colateral de uma parte significativa em termos percentuais da população que apesar do nosso sistema educacional fora induzida ao raciocínio.
Mas os cartazes expostos nas passeatas tratam na sua maioria simplesmente dos efeitos ou consequências, prefiro me concentrar nas causas.
Somos ainda uma nação que vive em regime feudal, patriarcal e doméstico. Feudal pelas concentrações de poder, patriarcal pelas relações sociais e domestico pelo amadorismo.
máxima do pão e circo ainda prevalece, é verdade que com outras faces tais como celular, TV led e pagode no sul e forró no norte. É um grande erro achar que não devemos ter discussão partidária nas passeatas, muito pelo contrario, temos que exigir um regime representativo que nos represente e mais que fique claro que não é um cheque em branco. Para tanto mudanças precisam ocorrer, voto distrital já é um bom começo, o representante tem que ter um compromisso e identidade com que representa. Não dá pra aceitar um morador da avenida beira mar representando a ladeira do morro. As câmeras de vereadores não estão cumprindo a sua função institucional, cooptadas pelo executivo em sua maioria servem apenas para dar titulo de cidadão e nome de rua, tornando-se um fardo a todos que pagam seus impostos. Impostos estes que não retornam como benefícios mas como ofensas externadas pelo serviços que é apresentado a sociedade.
Temos que deixar de ser uma Belindia (Brasil + Índia) e as manifestações podem ser um começo, exigir mudanças politicas me parece ser o alvo a ser eleito.

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